sábado, 24 de outubro de 2015


Iae pessoal! Hoje vou dar encerramento ao tema de evolução humana com a Parte 5. Se você ainda não viu as outras partes, volte nos posts anteriores. Já demos uma geral na evolução dos primatas, inclusive com as distribuições geográficas, já vimos as espécies de hominídeos que habitaram nosso planeta e agora veremos sobre nossa espécie, o Homo Sapiens. Abordaremos sobre alguns grupos étnicos que mantiveram tradição até os dias de hoje para entendermos como se deu a dispersão geográfica dos humanos. Essa dispersão geográfica é apoiada também através dos estudos da genética.


EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 5)


Homo sapiens

Terceira espécie do Gênero Homo a deixar a África

           
            Voltando novamente para o continente africano, enfim abordaremos sobre a nossa espécie. A hipótese mais aceita atualmente é a chamada “hipótese da origem única”, onde nossa espécie teria surgido na África e posteriormente teria se espalhado pelo resto do mundo, substituindo as populações de Ergaster e Neandertais. Esta hipótese é a mais aceita tendo como evidência o decrescimento da variabilidade genética da população à medida que a distância da África aumenta. A outra hipótese, a “multirregional”, seria a de cruzamentos entre as espécies e sub-espécies do gênero Homo por todo o mundo, alegando que nós humanos ainda carregamos a genética de Neandertais.
            Os defensores da hipótese de origem única argumentam que os genes que ainda carregamos de Neandertais se dá por conta do compartilhamento de um ancestral em comum e até por conta disto a porcentagem de genes é muito baixa, ou seja, se a hipótese multirregional estivesse certa carregaríamos muitos mais genes Neandertais. Outro fator é a maior variabilidade genética nos africanos, como já foi dito, ou seja, estes sendo mais antigos, obviamente tiveram mais tempo em variação genética. Se no caso fosse a hipótese multirregional, as variações genéticas seriam semelhantes por exemplo entre europeus e africanos, porque teriam o mesmo tempo pra poder variar geneticamente e não é o que acontece.
            A hipótese de origem única ainda não descarta eventuais cruzamentos entre Sapiens e Neandertais, mas não se sabe se as diferenças seriam suficientes para gerar híbridos que pudessem deixar descendência. Pra quem não sabe, híbridos são filhos de espécies diferentes que são muito próximas geneticamente, mas podem ser estéreis ou não. Como exemplo temos o Ligre, cruzamento entre Leão e Tigre, a Mula, cruzamento de égua com burro, etc.
            Dando então continuidade, usarei a hipótese de origem única, tendo uma terceira migração de espécie do gênero Homo para fora da África. 
       Após a saída de um grupo de Homo heidelbergensis da África, que deram origem aos Neandertais na Europa, obviamente nem todos saíram, e então os heidelbergensis que ficaram na África deram origem aos Homo sapiens há 200.000 anos atrás. Alguns também defendem que poderia ter sido os Ergaster africanos os ancestrais diretos dos sapiens, mas tendo em vista que ainda carregamos genes Neandertais, é mais aceito que tivemos um ancestral em comum com eles, que seriam os heidelbergensis.
            Fósseis de crânios de Homo sapiens bastante antigos, de 160.000 anos atrás, já foram encontrados na África. Os crânios encontrados foram nomeados de Homo sapiens idaltu (ver figura 74 e 75). 


Figura 74- crânio de Homo sapiens de 160.000 anos

Figura 75- Reconstrução facial do Homo sapiens idaltu 
               Partindo então da África, teremos três correntes migratórias distintas de saída: a primeira, de 130.000 anos atrás, a segunda de 70.000 anos atrás e a terceira de 45.000 anos atrás. Abordaremos cada uma delas, dando um resumo geral nas origens étnicas, mas primeiro veremos os Homo sapiens que ficaram na África.
            Os sapiens africanos tiveram bastante tempo para diversificar-se pelo continente, tendo em vista que estão lá desde 200.000 anos atrás, dando origem a diversas etnias. Como exemplo podemos citar os Hotentotes (ver figura 76), uma etnia de 60.000 anos atrás, sendo a cultura viva mais antiga da terra. Os Hotentotes são nômades e ainda vivem da caça e coleta.

Figura 76- Tribo africana dos Hotentotes

          Entre outras etnias africanas temos: os Masai (figura 77), os Zulus (figura 78), os Bantus (figura 79) e os Pigmeus (de famosa estatura baixa, figura 80). Os Zulus e Bantus foram as principais etnias escravizadas por conta do porte físico.


Figura 77- Tribo Masai
Figura 78- Tribo Zulu

Figura 79- Tribo Bantu
Figura 80- Tribo dos Pigmeus
          

          Após conhecermos algumas etnias africanas, abordaremos agora sobre as três migrações a partir da África.
            

Primeira migração de 130.000 anos


          A primeira migração, de 130.000 anos atrás, se deu através do Golfo de Aden, dando origem aos aborígenes australianos (ver figura 81). Sabe-se que eles atravessaram o golfo, ao invés do caminho pelo Egito, por conta de ferramentas deixadas na região que datam deste período, bem como pela área de dispersão mais ao sul. Eles se espalharam pela sul asiático, chegando até a Oceania entre 50 há 60.000 anos, dando origem também aos melanésios (ver figura 82).
            Desta primeira migração ainda temos os primeiros humanos a chegar na América, através do Estreito de Bering, que na época estava ligado ao continente americano por conta de um dos períodos de glaciação.
             Sabe-se hoje que houve essa primeira migração para a América por conta das recentes descobertas genéticas, nas quais alguns nativos americanos mesclam genes dos nativos da oceania (aborígenes australianos e primeiros melanésios), com os genes que vieram da terceira migração, da qual abordaremos a frente. Antes mesmo da descoberta genética, os cientistas já desconfiavam desta primeira migração, por conta de um fóssil, apelidado de Luzia (ver figura 83), que data de 12.000 anos e que curiosamente possuía características dos aborígenes australianos.


Figura 81- Tribo de aborígenes australianos



Figura 82- Tribo dos melanésios das ilhas do nordeste da Austrália




Figura 83- Reconstrução facial de "Luzia". Os primeiros americanos

                    
Segunda migração de 70.000 anos

           A segunda migração do Homo sapiens partindo da África se deu por volta de 70.000 anos atrás, desta vez pelo Egito, povoando o Norte da Ásia, chegando até o leste, nas Filipinas. Dessa dispersão temos a origem dos nativos “Munda” (ver figura 84), na Índia e dos “Negritos” (ver figura 85), nas Filipinas. Os Negritos foram os primeiros nesta região, mas posteriormente a região foi dominada pelos Chineses (veremos a frente).




Figura 84- Tribo Munda
Figura 85- Negritos das Filipinas

                 Dessa mesma dispersão, temos os que migraram para a China, na época desafiando o frio do período de glaciação, dando origem ao povo com os “olhos puxados”. (ver figura 86). Os cientistas alegam que poderia ser uma característica de seleção natural, como forma de proteção a ventos fortes. A pele mais clara também por conta do clima frio. Os descendentes dessa população dominaram toda a região: Malásia, Filipinas, Melanésia, Polinésia, Nova Zelândia e Madagascar.

Figura 86- Etnia Hmong do sul da China

Terceira migração de 45.000 anos


                          A terceira migração da África se deu por volta de 45.000 anos atrás, dando origem aos Caucasianos (figura 87), que migraram pelo Oriente Médio, enfrentando o período de glaciação, chegando até a Europa e Norte Asiático, encontrando-se com Neandertais. Os Caucasianos tem como característica a pele clara, em virtude da baixa incidência da luz solar. Como a pele escura funciona como um escudo em ambiente de alta exposição solar, a mesma prejudica em ambientes de baixa incidência solar, principalmente para captação de vitamina D. A mesma coisa vale para os cabelos. Os cabelos mais crespos servem como um escudo para proteção do sol, enquanto os cabelos mais lisos permite maior captação em ambiente de baixa incidência solar. Quanto mais clara a pele maior é o aproveitamento da luz solar, ainda mais durante o período hostil de glaciação da época.


Figura 87 - mulher caucasiana


            Um bom exemplo de convergência para cor da pele é o povo Kalash e os Nuristanis, que vivem isolados no Paquistão e Afeganistão respectivamente. Atualmente esses grupos étnicos encontram-se ameaçados pelos extremistas do islã, tendo em vista a total diferença da cultura destes povos isolados. Provavelmente, infelizmente, em breve eles serão extintos. 

Figura 88- Tribo Kalash
Figura 89- Povo Nuristanis, atualmente ameaçados pelo Islã

              Os Caucasianos chegaram a migrar até o norte da Europa e Ásia, mas também houve a dispersão de retorno ao norte da África, onde houve miscigenação e também para a Índia, formando a população que posteriormente foi intitulada de “alta casta”, chamados de “Arianos”. Os que chegaram ao oriente médio deram origem aos Semitas, que voltaram a possuir a pele um pouco mais escura por conta do clima desértico mais recente.


Figura 90- Semitas do Oriente Médio


              Ossadas datadas de 40.000 anos foram encontrados na Europa e Oriente Médio, chamados de "Homens de Cro-Magnon" (ver figuras 91,92 e 93), que provavelmente foram os que entraram em conflito com os Neandertais, levando os mesmos à extinção.



Figura 91- Ossada de 40.000 anos na Europa
Figura 92- crânio do chamado "Homem de Cro-Magnon"

Figura 93- Reconstrução facial do Cro-Magnon por Cícero Moraes



          Ainda na mesma dispersão de 45.000 anos temos a migração para o leste asiático, dando origem aos chamados “Mongóis” (ver figura 94), que também adquiriram os olhos puxados, seja por miscigenação ou convergência adaptativa. A convergência adaptativa é bastante aceita por conta dos Mongóis terem evitado o sul da china, dos habitantes da dispersão de 70.000 anos, pelo menos a princípio, habitando a parte norte. A miscigenação ocorreu após a China unificada.
            Os Mongóis também ainda migraram mais a leste, dando origem ao povo do Japão e mais ao norte aos chamados “Samoieda” (ver figuras 95, e 96), da Sibéria, onde houve a miscigenação entre Caucasianos e Mongóis. O nome Samoieda geralmente é associado a raça de cão de mesmo nome, que teve sua origem através da domesticação pela tribo. Esse mesmo povo é que atravessou o Estreito de Bering, na segunda migração para a América, de 11.000 anos atrás. A nova chegada a América deu origem a todos os povos indígenas americanos (ver figura 97), inclusive ocorrendo à miscigenação entre a primeira migração para a América, com esta de 11.000 anos.

Figura 94- Povo mongol



Figura 95- Povo Samoieda e cão da raça Samoieda






Figura 96- Povo Samoieda


Figura 97 - Indígena americano

Finalizamos aqui nosso tema de evolução humana e paleontologia, inclusive com a as distribuições geográficas. No próximo tema abordarei sobre Evolução dos Mamíferos, indo desde a origem, antes da Era dos Dinossauros. Veremos a origem dos chamados répteis mamaliformes até os mamíferos da era dos dinossauros e vamos saber também porque ainda existem mamíferos que põe ovos. Valeu!!!!


Após a finalização de mais um tema eu indico o livro "A Grande História da Evolução" de Richard Dawkins, como uma obra consultada. http://www.saraiva.com.br/a-grande-historia-da-evolucao-2646661.html
Indico também o documentário "Walking with Beasts" da BBC: http://www.youtube.com/watch?v=YF9lE5dhsFQ (links na descrição)
Por fim indico também os canais "Eu ciência" e "Canal do Pirula" no youtube: http://www.youtube.com/user/EuCiencia  

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Olá pessoal! Dando continuidade no tema de evolução humana e paleontologia, hoje adentraremos na Parte 4, na qual veremos algumas das espécies de hominídeos que já habitaram este planeta. Se você ainda não viu as partes anteriores, volte nas postagens antigas.


EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 4)


OS HOMINÍDEOS

Os Ardipithecus



            Depois de uma viagem por milhões de anos, enfim chegamos ao momento de conhecer as espécies de hominídeos que já viveram no planeta, sendo nossos ancestrais diretos ou espécies “irmãs”. O primeiro hominídeo conhecido por registro fóssil é o já citado na parte anterior, o Orrorin tugenesis, de 6 milhões de anos atrás, mas infelizmente os fósseis encontrados desta espécie estão muito incompletos. O Orrorin tugenesis provavelmente é o ancestral direto do Ardipithecus (ver figuras 41, 42 e 43). 
              O Ardipithecus é interessante por possuir quase todas as características dos hominídeos, mas por também ainda possuir o pé semelhante ao dos Chimpanzés (ver figuras 44 e 45). O Ardipithecus viveu por volta de 4 milhões de anos atrás e são conhecidas duas espécies: Ardipithecus ramidus e Ardipithecus kadabba.

Figura 41- Ossos de um Ardipithecus



Figura 42- Reconstituição do crânio




Figura 43- Reconstrução facial do Ardipithecus por Cícero Moraes




Figura 44- Semelhança do pé com os Chimpanzés


Figura 45- Concepção artística dos Ardipithecus


Os Australopithecus

           
            Avançando 1 milhão de anos, agora por volta de 3 milhões de anos atrás, nos deparamos com os Australopithecus (ver figuras 46, 47, 48, 49, 50 e 51), que provavelmente são descendentes dos Ardipitheus. O prefixo Austral não tem nada a ver com a Austrália e sim com o “Sul”, de “Austral”. “Boreal” (Norte) e Austral (Sul), sendo a tradução “macaco do sul”. O Australopithecus foi assim chamado por seus fósseis serem encontrados no sul no continente africano. São conhecidas oito espécies atualmente.


Figura 46- Australopithecus sedibba exibido em museu. As partes escuras pertencem ao fóssil.

Figura 47- Concepção artística do Australopithecus



Figura 48- Crânio de Australopithecus


Figura 49- Trabalho forense em computador por Cícero Moraes

Figura 50- continuação do trabalho forense


Figura 51- Reconstrução facial do Australopithecus por Cícero Moraes


·         Destaco aqui o trabalho de Cícero Moraes. Cícero é brasileiro, especialista em reconstrução facial forense. Cícero já teve seus trabalhos exibidos em museus até mesmo da Itália e participa de palestras nacionais e internacionais. http://www.ciceromoraes.com.br/blog/?cat=23



Os Paranthropus


            Os Paranthropus (ver figura 52) foram contemporâneos do Australopithecus e provavelmente são descendentes dos mesmos, dos que migraram para o Leste do continente africano. A maioria dos fósseis descobertos são de crânios, que possuem uma estrutura de maxilares muito fortes, mais robustos do que seus ancestrais, embora a estrutura no geral seja similar. Provavelmente são apenas espécies “irmãs” dos Australopithecus que se extinguiram e não deu seguimento a linhagem.


Figura 52- Reconstrução facial do Paranthropus
O Homo naledi

           
            O Homo naledi (ver figuras 53, 54 e 55) foi um hominídeo descoberto tão recentemente, que quase não entra neste blog, portanto não se tem ainda muitas informações com relação a essa espécie. O que se sabe é que a estrutura do crânio é muito parecida com a do Australopithecus, porém possui estruturas no esqueleto similares aos do gênero Homo.
            Apesar de muitos noticiários cravarem o Homo naledi como um ancestral humano não é possível já classifica-lo assim, pois pode ser apenas uma espécie “irmã” do Australopithecus que se extinguiu sem dar sequência na linhagem que viria a ser do Homo sapiens.

Figura 53- Ossos dos exemplares encontrados

Figura 54- Reconstituição do crânio do Homo naledi


Figura 55- Reconstituição forense pelo paleoartista John Gurche
No video abaixo a reconstituição facial do Homo naledi pelo paleoartista John Gurche e o biólogo Richard Dawkins.
https://www.youtube.com/watch?v=eatqu7hWw5g



O Homo habilis


            Avançando mais 1 milhão de anos, agora por volta de 2 milhões de anos atrás, nos deparamos agora com o denominado Homo habilis (ver figura 56 e 57). Os registros fósseis de Homo habilis são conhecidos apenas por fragmentos cranianos, então o que se pode afirmar é apenas o visível aumento da caixa craniana (aumento do cérebro), em comparação com os ancestrais Australopithecus e a diminuição do sobrecenho, característica mais peculiar nos Chimpanzés e Gorilas.

Figura 56- Crânio do Homo habilis
Figura 57- Reconstituição facial do Homo habilis por Cícero Moraes



O Homo ergaster ou Homo erectus

Primeira espécie do gênero Homo a deixar a África


          Avançando menos de meio milhão de anos, agora há 1,8 milhões de anos atrás, nos deparamos com o Homo ergaster ou Homo erectus. (ver figuras 58 a 64). O termo "ergaster" tem sido mais utilizado ultimamente por conta de que as várias espécies de hominídeos andavam eretas, não só o Homo erectus, que já ficou com o nome ultrapassado. O Homo ergaster por muito tempo conviveu com seus antepassados no continente africano, mas diferentemente destes foi a primeira espécie do gênero “Homo” a deixar a África.
           O Homo ergaster possuía no máximo 1,70 m de altura, sendo maiores que os Australopithecus, que possuíam apenas 1,20 m de altura e também possuíam o cérebro bem maior proporcionalmente.
           
            Em sua peregrinação saindo da África, os Homo ergaster logo se espalharam pelo continente asiático, principalmente China e Indonésia. Foi através desta migração que estes hominídeos dividiram o mesmo território com os Gigantopithecus da Figura 32, já relatado anteriormente. O Homo ergaster asiático deu origem a outra espécie de hominídeo, o Homo floresienses, que foi extinta incrivelmente há apenas 13.000 anos atrás, vivendo na ilha de Flores, na Indonésia.


Figura 58- Esqueleto de um jovem ergaster africano, o "Turkana boy"

Figura 59- Reconstrução facial do ergaster "Turkana boy"

Figura 60- Homo ergaster asiático em exibição no museu
Figura 61- Crânio de Homo ergaster



Figura 62- Reconstrução do ergaster asiático

Figura 63- Reconstrução facial do ergaster asiático


Figura 64- Concepção artística do Homo ergaster

O Homo floresiensis


            O Homo floresienses (ver figuras 65 e 66) foi uma das menores espécies de hominídeos já existentes, junto com o Australopithecus, sendo apelidados de “hobbits”. A origem da espécie na ilha de flores provavelmente aconteceu com migrações dos Homo ergaster entre as ilhas durante o período de glaciação. Após o derretimento, a espécie ficou isolada na ilha, se diferenciando. Em ambientes insulares muitas espécies tendem ao gigantismo ou nanismo, a exemplo dos elefantes pigmeus da própria ilha de flores, que podem até ter sido presa dos “hobbits”.
            Um fato curioso sobre o Homo floresiensis é a divisão do território há pouco tempo com os Homo sapiens que chegaram à ilha, tanto que ainda existem diversos contos entre os aldeões da ilha com relação aos “hobbits”, os quais eles chamam de “ebu gogo”. O Homo floresiensis foi extinto há  "apenas" 13.000 anos.
           Quando foi encontrado o primeiro fóssil do Homo floresiensis, muitos diziam se tratar de um fóssil antigo de Homo sapiens com microcefalia, mas logo foram encontrados outros fósseis e após análise esta hipótese foi totalmente descartada.


Figura 65- Comparação de tamanho entre o Homo sapiens e o floresiensis
Figura 66- Reconstrução facial do Homo floresiensis


O Homo heidelbergensis

Segunda espécie do gênero Homo a deixar a África


            Após um longo passeio pelo continente asiático e avançando no tempo para mostrar o Homo floresiensis, retornaremos no tempo para a África novamente, aos Homo ergaster que permaneceram na África, afinal nem todos migraram para a Ásia.
            Os ergaster que permaneceram na África deram origem a uma nova espécie do gênero Homo, o Homo heidelbergensis (ver figuras 67 a 69), que viveram entre 500.000 a 250.000 anos atrás. 
            Os heidelbergensis foram os segundos do gênero Homo a deixar o continente africano. Imagino que ao chegar ao continente asiático o encontro com os ergaster não deve ter sido muito amigável, chego até a ficar pensando no que poderia ter ocorrido. O fato é que os heidelbergensis, talvez evitando os ergaster, migraram para o Norte, passando pelo Oriente Médio até chegar a Europa. Após se fixarem na Europa, os heidelbergensis deram origem aos famosos Homo neanderthalensis, os “Neandertais”.

Figura 67- Esqueleto de Homo heidelbergensis

Figura 68- Reconstituição facial do Homo heidelbergensis

Figura 69- Concepção artística do Homo heidelbergensis



O Homo neanderthalensis



            Os Neandertais (ver figuras 70 a 72) viveram aproximadamente entre 350.000 e 29.000 anos atrás, se espalhando pela Europa, parte norte do Oriente Médio e oeste asiático. Esses hominídeos possuíam uma estrutura mais atarracada, com ossos mais fortes e mais largos do que os do Homo sapiens, porém eram menos ágeis em decorrência disto, com adaptações para o clima frio e “trabalho” pesado. O crânio era bem alongado na parte de trás, não possuía o queixo e a testa era bem pequena (ver figura 73). 

Figura 70- Comparação do esqueleto neandertal com o sapiens

Figura 71- Reconstituição facial do Homo neanderthalensis




Figura 72- Concepção artística de um neandertal
Figura 73- Comparação entre o crânio de um sapiens e um neandertal

              A extinção dos Neandertais é um mistério, mas provavelmente se extinguiram após a chegada do Homo sapiens à Europa há 40.000 anos. Os constantes confrontos ao longo de 10.000 anos e o fim de um dos períodos de glaciação, sem conseguir adaptação ao clima mais quente, pode ter contribuído para sua completa extinção há 29.000 anos. 



                A figura acima traz um comparativo entre os crânios de grandes primatas. Muitos religiosos e leigos que não aceitam a evolução alegam que os fósseis de hominídeos antigos se tratam de “apenas mais um fóssil de macaco encontrado”, mas não procuram fazer uma análise. É visível a diferença entre eles. (Gibões (Hylobates), Orangotango (Pongo), Gorila, as duas espécies de Chimpanzés (troglodytes e paniscus) e os hominídeos.
            Muitos leigos também costumam dizer: “são apenas ossos de pessoas defeituosas”. Mas sejamos inteligentes né... qual a probabilidade de se encontrar um fóssil e todos serem de pessoas “defeituosas”??? Só se mais de 90% da população antiga ser constituída de pessoas com deficiência física. Esse argumento é de dar risada. 90% ainda sendo bonzinho.
            

Na próxima parte abordaremos sobre o Homo sapiens e a dispersão geográfica, com a diversificação entre alguns grupos étnicos. Valeu!!!