segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Olá pessoal! Dando continuidade no tema de evolução humana e paleontologia, hoje adentraremos na Parte 4, na qual veremos algumas das espécies de hominídeos que já habitaram este planeta. Se você ainda não viu as partes anteriores, volte nas postagens antigas.


EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 4)


OS HOMINÍDEOS

Os Ardipithecus



            Depois de uma viagem por milhões de anos, enfim chegamos ao momento de conhecer as espécies de hominídeos que já viveram no planeta, sendo nossos ancestrais diretos ou espécies “irmãs”. O primeiro hominídeo conhecido por registro fóssil é o já citado na parte anterior, o Orrorin tugenesis, de 6 milhões de anos atrás, mas infelizmente os fósseis encontrados desta espécie estão muito incompletos. O Orrorin tugenesis provavelmente é o ancestral direto do Ardipithecus (ver figuras 41, 42 e 43). 
              O Ardipithecus é interessante por possuir quase todas as características dos hominídeos, mas por também ainda possuir o pé semelhante ao dos Chimpanzés (ver figuras 44 e 45). O Ardipithecus viveu por volta de 4 milhões de anos atrás e são conhecidas duas espécies: Ardipithecus ramidus e Ardipithecus kadabba.

Figura 41- Ossos de um Ardipithecus



Figura 42- Reconstituição do crânio




Figura 43- Reconstrução facial do Ardipithecus por Cícero Moraes




Figura 44- Semelhança do pé com os Chimpanzés


Figura 45- Concepção artística dos Ardipithecus


Os Australopithecus

           
            Avançando 1 milhão de anos, agora por volta de 3 milhões de anos atrás, nos deparamos com os Australopithecus (ver figuras 46, 47, 48, 49, 50 e 51), que provavelmente são descendentes dos Ardipitheus. O prefixo Austral não tem nada a ver com a Austrália e sim com o “Sul”, de “Austral”. “Boreal” (Norte) e Austral (Sul), sendo a tradução “macaco do sul”. O Australopithecus foi assim chamado por seus fósseis serem encontrados no sul no continente africano. São conhecidas oito espécies atualmente.


Figura 46- Australopithecus sedibba exibido em museu. As partes escuras pertencem ao fóssil.

Figura 47- Concepção artística do Australopithecus



Figura 48- Crânio de Australopithecus


Figura 49- Trabalho forense em computador por Cícero Moraes

Figura 50- continuação do trabalho forense


Figura 51- Reconstrução facial do Australopithecus por Cícero Moraes


·         Destaco aqui o trabalho de Cícero Moraes. Cícero é brasileiro, especialista em reconstrução facial forense. Cícero já teve seus trabalhos exibidos em museus até mesmo da Itália e participa de palestras nacionais e internacionais. http://www.ciceromoraes.com.br/blog/?cat=23



Os Paranthropus


            Os Paranthropus (ver figura 52) foram contemporâneos do Australopithecus e provavelmente são descendentes dos mesmos, dos que migraram para o Leste do continente africano. A maioria dos fósseis descobertos são de crânios, que possuem uma estrutura de maxilares muito fortes, mais robustos do que seus ancestrais, embora a estrutura no geral seja similar. Provavelmente são apenas espécies “irmãs” dos Australopithecus que se extinguiram e não deu seguimento a linhagem.


Figura 52- Reconstrução facial do Paranthropus
O Homo naledi

           
            O Homo naledi (ver figuras 53, 54 e 55) foi um hominídeo descoberto tão recentemente, que quase não entra neste blog, portanto não se tem ainda muitas informações com relação a essa espécie. O que se sabe é que a estrutura do crânio é muito parecida com a do Australopithecus, porém possui estruturas no esqueleto similares aos do gênero Homo.
            Apesar de muitos noticiários cravarem o Homo naledi como um ancestral humano não é possível já classifica-lo assim, pois pode ser apenas uma espécie “irmã” do Australopithecus que se extinguiu sem dar sequência na linhagem que viria a ser do Homo sapiens.

Figura 53- Ossos dos exemplares encontrados

Figura 54- Reconstituição do crânio do Homo naledi


Figura 55- Reconstituição forense pelo paleoartista John Gurche
No video abaixo a reconstituição facial do Homo naledi pelo paleoartista John Gurche e o biólogo Richard Dawkins.
https://www.youtube.com/watch?v=eatqu7hWw5g



O Homo habilis


            Avançando mais 1 milhão de anos, agora por volta de 2 milhões de anos atrás, nos deparamos agora com o denominado Homo habilis (ver figura 56 e 57). Os registros fósseis de Homo habilis são conhecidos apenas por fragmentos cranianos, então o que se pode afirmar é apenas o visível aumento da caixa craniana (aumento do cérebro), em comparação com os ancestrais Australopithecus e a diminuição do sobrecenho, característica mais peculiar nos Chimpanzés e Gorilas.

Figura 56- Crânio do Homo habilis
Figura 57- Reconstituição facial do Homo habilis por Cícero Moraes



O Homo ergaster ou Homo erectus

Primeira espécie do gênero Homo a deixar a África


          Avançando menos de meio milhão de anos, agora há 1,8 milhões de anos atrás, nos deparamos com o Homo ergaster ou Homo erectus. (ver figuras 58 a 64). O termo "ergaster" tem sido mais utilizado ultimamente por conta de que as várias espécies de hominídeos andavam eretas, não só o Homo erectus, que já ficou com o nome ultrapassado. O Homo ergaster por muito tempo conviveu com seus antepassados no continente africano, mas diferentemente destes foi a primeira espécie do gênero “Homo” a deixar a África.
           O Homo ergaster possuía no máximo 1,70 m de altura, sendo maiores que os Australopithecus, que possuíam apenas 1,20 m de altura e também possuíam o cérebro bem maior proporcionalmente.
           
            Em sua peregrinação saindo da África, os Homo ergaster logo se espalharam pelo continente asiático, principalmente China e Indonésia. Foi através desta migração que estes hominídeos dividiram o mesmo território com os Gigantopithecus da Figura 32, já relatado anteriormente. O Homo ergaster asiático deu origem a outra espécie de hominídeo, o Homo floresienses, que foi extinta incrivelmente há apenas 13.000 anos atrás, vivendo na ilha de Flores, na Indonésia.


Figura 58- Esqueleto de um jovem ergaster africano, o "Turkana boy"

Figura 59- Reconstrução facial do ergaster "Turkana boy"

Figura 60- Homo ergaster asiático em exibição no museu
Figura 61- Crânio de Homo ergaster



Figura 62- Reconstrução do ergaster asiático

Figura 63- Reconstrução facial do ergaster asiático


Figura 64- Concepção artística do Homo ergaster

O Homo floresiensis


            O Homo floresienses (ver figuras 65 e 66) foi uma das menores espécies de hominídeos já existentes, junto com o Australopithecus, sendo apelidados de “hobbits”. A origem da espécie na ilha de flores provavelmente aconteceu com migrações dos Homo ergaster entre as ilhas durante o período de glaciação. Após o derretimento, a espécie ficou isolada na ilha, se diferenciando. Em ambientes insulares muitas espécies tendem ao gigantismo ou nanismo, a exemplo dos elefantes pigmeus da própria ilha de flores, que podem até ter sido presa dos “hobbits”.
            Um fato curioso sobre o Homo floresiensis é a divisão do território há pouco tempo com os Homo sapiens que chegaram à ilha, tanto que ainda existem diversos contos entre os aldeões da ilha com relação aos “hobbits”, os quais eles chamam de “ebu gogo”. O Homo floresiensis foi extinto há  "apenas" 13.000 anos.
           Quando foi encontrado o primeiro fóssil do Homo floresiensis, muitos diziam se tratar de um fóssil antigo de Homo sapiens com microcefalia, mas logo foram encontrados outros fósseis e após análise esta hipótese foi totalmente descartada.


Figura 65- Comparação de tamanho entre o Homo sapiens e o floresiensis
Figura 66- Reconstrução facial do Homo floresiensis


O Homo heidelbergensis

Segunda espécie do gênero Homo a deixar a África


            Após um longo passeio pelo continente asiático e avançando no tempo para mostrar o Homo floresiensis, retornaremos no tempo para a África novamente, aos Homo ergaster que permaneceram na África, afinal nem todos migraram para a Ásia.
            Os ergaster que permaneceram na África deram origem a uma nova espécie do gênero Homo, o Homo heidelbergensis (ver figuras 67 a 69), que viveram entre 500.000 a 250.000 anos atrás. 
            Os heidelbergensis foram os segundos do gênero Homo a deixar o continente africano. Imagino que ao chegar ao continente asiático o encontro com os ergaster não deve ter sido muito amigável, chego até a ficar pensando no que poderia ter ocorrido. O fato é que os heidelbergensis, talvez evitando os ergaster, migraram para o Norte, passando pelo Oriente Médio até chegar a Europa. Após se fixarem na Europa, os heidelbergensis deram origem aos famosos Homo neanderthalensis, os “Neandertais”.

Figura 67- Esqueleto de Homo heidelbergensis

Figura 68- Reconstituição facial do Homo heidelbergensis

Figura 69- Concepção artística do Homo heidelbergensis



O Homo neanderthalensis



            Os Neandertais (ver figuras 70 a 72) viveram aproximadamente entre 350.000 e 29.000 anos atrás, se espalhando pela Europa, parte norte do Oriente Médio e oeste asiático. Esses hominídeos possuíam uma estrutura mais atarracada, com ossos mais fortes e mais largos do que os do Homo sapiens, porém eram menos ágeis em decorrência disto, com adaptações para o clima frio e “trabalho” pesado. O crânio era bem alongado na parte de trás, não possuía o queixo e a testa era bem pequena (ver figura 73). 

Figura 70- Comparação do esqueleto neandertal com o sapiens

Figura 71- Reconstituição facial do Homo neanderthalensis




Figura 72- Concepção artística de um neandertal
Figura 73- Comparação entre o crânio de um sapiens e um neandertal

              A extinção dos Neandertais é um mistério, mas provavelmente se extinguiram após a chegada do Homo sapiens à Europa há 40.000 anos. Os constantes confrontos ao longo de 10.000 anos e o fim de um dos períodos de glaciação, sem conseguir adaptação ao clima mais quente, pode ter contribuído para sua completa extinção há 29.000 anos. 



                A figura acima traz um comparativo entre os crânios de grandes primatas. Muitos religiosos e leigos que não aceitam a evolução alegam que os fósseis de hominídeos antigos se tratam de “apenas mais um fóssil de macaco encontrado”, mas não procuram fazer uma análise. É visível a diferença entre eles. (Gibões (Hylobates), Orangotango (Pongo), Gorila, as duas espécies de Chimpanzés (troglodytes e paniscus) e os hominídeos.
            Muitos leigos também costumam dizer: “são apenas ossos de pessoas defeituosas”. Mas sejamos inteligentes né... qual a probabilidade de se encontrar um fóssil e todos serem de pessoas “defeituosas”??? Só se mais de 90% da população antiga ser constituída de pessoas com deficiência física. Esse argumento é de dar risada. 90% ainda sendo bonzinho.
            

Na próxima parte abordaremos sobre o Homo sapiens e a dispersão geográfica, com a diversificação entre alguns grupos étnicos. Valeu!!!



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