Olá pessoal! Dando continuidade no tema de evolução humana e paleontologia, hoje adentraremos na Parte 4, na qual veremos algumas das espécies de hominídeos que já habitaram este planeta. Se você ainda não viu as partes anteriores, volte nas postagens antigas.
EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 4)
OS HOMINÍDEOS
Os Ardipithecus
Depois de uma viagem por milhões de anos, enfim chegamos ao momento de
conhecer as espécies de hominídeos que já viveram no planeta, sendo nossos
ancestrais diretos ou espécies “irmãs”. O primeiro hominídeo conhecido por
registro fóssil é o já citado na parte anterior, o Orrorin tugenesis, de 6 milhões de anos atrás,
mas infelizmente os fósseis encontrados desta espécie estão muito incompletos.
O Orrorin tugenesis provavelmente é o ancestral direto do Ardipithecus (ver
figuras 41, 42 e 43).
O Ardipithecus é interessante por possuir quase todas as
características dos hominídeos, mas por também ainda possuir o pé semelhante ao
dos Chimpanzés (ver figuras 44 e 45). O Ardipithecus viveu por volta de 4 milhões de
anos atrás e são conhecidas duas espécies: Ardipithecus ramidus e Ardipithecus kadabba.
Figura 41- Ossos de um Ardipithecus |
Figura 42- Reconstituição do crânio |
Figura 43- Reconstrução facial do Ardipithecus por Cícero Moraes |
Figura 44- Semelhança do pé com os Chimpanzés |
Figura 45- Concepção artística dos Ardipithecus |
Os Australopithecus
Avançando 1 milhão de anos, agora
por volta de 3 milhões de anos atrás, nos deparamos com os Australopithecus
(ver figuras 46, 47, 48, 49, 50 e 51), que provavelmente são descendentes dos Ardipitheus. O prefixo
Austral não tem nada a ver com a Austrália e sim com o “Sul”, de “Austral”.
“Boreal” (Norte) e Austral (Sul), sendo a tradução “macaco do sul”. O
Australopithecus foi assim chamado por seus fósseis serem encontrados no sul no
continente africano. São conhecidas oito espécies atualmente.
Figura 46- Australopithecus sedibba exibido em museu. As partes escuras pertencem ao fóssil. |
Figura 47- Concepção artística do Australopithecus |
Figura 48- Crânio de Australopithecus |
Figura 49- Trabalho forense em computador por Cícero Moraes |
Figura 50- continuação do trabalho forense |
Figura 51- Reconstrução facial do Australopithecus por Cícero Moraes |
·
Destaco
aqui o trabalho de Cícero Moraes. Cícero é brasileiro, especialista em reconstrução
facial forense. Cícero já teve seus trabalhos exibidos em museus até mesmo da
Itália e participa de palestras nacionais e internacionais. http://www.ciceromoraes.com.br/blog/?cat=23
Os Paranthropus
Os Paranthropus (ver figura 52) foram contemporâneos do
Australopithecus e provavelmente são descendentes dos mesmos, dos que migraram para o Leste do continente africano. A maioria dos fósseis descobertos são de crânios, que possuem uma
estrutura de maxilares muito fortes, mais robustos do que seus ancestrais, embora a estrutura no geral seja similar. Provavelmente são apenas espécies “irmãs”
dos Australopithecus que se extinguiram e não deu seguimento a linhagem.
Figura 52- Reconstrução facial do Paranthropus |
O Homo naledi
O Homo naledi (ver figuras 53, 54 e 55) foi um hominídeo
descoberto tão recentemente, que quase não entra neste blog, portanto não se tem ainda muitas informações com relação a essa
espécie. O que se sabe é que a estrutura do crânio é muito parecida com a do Australopithecus,
porém possui estruturas no esqueleto similares aos do gênero Homo.
Apesar de muitos noticiários
cravarem o Homo naledi como um ancestral humano não é possível já classifica-lo
assim, pois pode ser apenas uma espécie “irmã” do Australopithecus que se
extinguiu sem dar sequência na linhagem que viria a ser do Homo sapiens.
Figura 53- Ossos dos exemplares encontrados |
Figura 54- Reconstituição do crânio do Homo naledi |
Figura 55- Reconstituição forense pelo paleoartista John Gurche |
https://www.youtube.com/watch?v=eatqu7hWw5g
O Homo habilis
Avançando mais 1 milhão de anos,
agora por volta de 2 milhões de anos atrás, nos deparamos agora com o
denominado Homo habilis (ver figura 56 e 57). Os registros fósseis de Homo habilis
são conhecidos apenas por fragmentos cranianos, então o que se pode afirmar é
apenas o visível aumento da caixa craniana (aumento do cérebro), em comparação
com os ancestrais Australopithecus e a diminuição do sobrecenho, característica
mais peculiar nos Chimpanzés e Gorilas.
Figura 56- Crânio do Homo habilis |
Figura 57- Reconstituição facial do Homo habilis por Cícero Moraes |
O Homo ergaster ou Homo erectus
Primeira espécie do
gênero Homo a deixar a África
Avançando
menos de meio milhão de anos, agora há 1,8 milhões de anos atrás, nos deparamos
com o Homo ergaster ou Homo erectus. (ver figuras 58 a 64). O termo "ergaster" tem sido
mais utilizado ultimamente por conta de que as várias espécies de hominídeos
andavam eretas, não só o Homo erectus, que já ficou com o nome ultrapassado. O Homo
ergaster por muito tempo conviveu com seus antepassados no continente africano,
mas diferentemente destes foi a primeira espécie do gênero “Homo” a deixar a
África.
O Homo ergaster possuía no máximo
1,70 m de altura, sendo maiores que os Australopithecus, que possuíam apenas
1,20 m de altura e também possuíam o cérebro bem maior proporcionalmente.
Em sua peregrinação saindo da África, os Homo ergaster logo se espalharam pelo continente asiático, principalmente China e Indonésia. Foi através desta migração que estes hominídeos dividiram o mesmo território com os Gigantopithecus da Figura 32, já relatado anteriormente. O Homo ergaster asiático deu origem a outra espécie de hominídeo, o Homo floresienses, que foi extinta incrivelmente há apenas 13.000 anos atrás, vivendo na ilha de Flores, na Indonésia.
Figura 58- Esqueleto de um jovem ergaster africano, o "Turkana boy" |
Figura 59- Reconstrução facial do ergaster "Turkana boy" |
Figura 60- Homo ergaster asiático em exibição no museu |
Figura 61- Crânio de Homo ergaster |
Figura 63- Reconstrução facial do ergaster asiático |
O Homo floresiensis
O Homo floresienses (ver figuras 65 e 66) foi
uma das menores espécies de hominídeos já existentes, junto com o
Australopithecus, sendo apelidados de “hobbits”. A origem da espécie na ilha de
flores provavelmente aconteceu com migrações dos Homo ergaster entre as ilhas
durante o período de glaciação. Após o derretimento, a espécie ficou isolada na
ilha, se diferenciando. Em ambientes insulares muitas espécies tendem ao
gigantismo ou nanismo, a exemplo dos elefantes pigmeus da própria ilha de flores,
que podem até ter sido presa dos “hobbits”.
Um fato curioso sobre o Homo floresiensis
é a divisão do território há pouco tempo com os Homo sapiens que chegaram à
ilha, tanto que ainda existem diversos contos entre os aldeões da ilha com
relação aos “hobbits”, os quais eles chamam de “ebu gogo”. O Homo floresiensis foi extinto há "apenas" 13.000 anos.
Quando foi encontrado o
primeiro fóssil do Homo floresiensis, muitos diziam se tratar de um fóssil
antigo de Homo sapiens com microcefalia, mas logo foram encontrados outros
fósseis e após análise esta hipótese foi totalmente descartada.
Figura 65- Comparação de tamanho entre o Homo sapiens e o floresiensis |
Figura 66- Reconstrução facial do Homo floresiensis |
O Homo heidelbergensis
Segunda espécie do
gênero Homo a deixar a África
Após um longo passeio pelo
continente asiático e avançando no tempo para mostrar o Homo floresiensis,
retornaremos no tempo para a África novamente, aos Homo ergaster que
permaneceram na África, afinal nem todos migraram para a Ásia.
Os ergaster que permaneceram na
África deram origem a uma nova espécie do gênero Homo, o Homo heidelbergensis
(ver figuras 67 a 69), que viveram entre 500.000 a 250.000 anos atrás.
Os heidelbergensis foram os segundos
do gênero Homo a deixar o continente africano. Imagino que ao chegar ao
continente asiático o encontro com os ergaster não deve ter sido muito
amigável, chego até a ficar pensando no que poderia ter ocorrido. O fato é que
os heidelbergensis, talvez evitando os ergaster, migraram para o Norte,
passando pelo Oriente Médio até chegar a Europa. Após se fixarem na Europa, os
heidelbergensis deram origem aos famosos Homo neanderthalensis, os
“Neandertais”.
Figura 67- Esqueleto de Homo heidelbergensis |
Figura 68- Reconstituição facial do Homo heidelbergensis |
Figura 69- Concepção artística do Homo heidelbergensis |
O Homo neanderthalensis
Os Neandertais (ver figuras 70 a 72)
viveram aproximadamente entre 350.000 e 29.000 anos atrás, se espalhando pela
Europa, parte norte do Oriente Médio e oeste asiático. Esses hominídeos
possuíam uma estrutura mais atarracada, com ossos mais fortes e mais largos do
que os do Homo sapiens, porém eram menos ágeis em decorrência disto, com
adaptações para o clima frio e “trabalho” pesado. O crânio era bem alongado na
parte de trás, não possuía o queixo e a testa era bem pequena (ver figura 73).
Figura 70- Comparação do esqueleto neandertal com o sapiens |
Figura 71- Reconstituição facial do Homo neanderthalensis |
Figura 72- Concepção artística de um neandertal |
Figura 73- Comparação entre o crânio de um sapiens e um neandertal |
A
extinção dos Neandertais é um mistério, mas provavelmente se extinguiram após a
chegada do Homo sapiens à Europa há 40.000 anos. Os constantes confrontos ao
longo de 10.000 anos e o fim de um dos períodos de glaciação, sem conseguir
adaptação ao clima mais quente, pode ter contribuído para sua completa extinção
há 29.000 anos.
A
figura acima traz um comparativo entre os crânios de grandes primatas. Muitos
religiosos e leigos que não aceitam a evolução alegam que os fósseis de
hominídeos antigos se tratam de “apenas mais um fóssil de macaco encontrado”,
mas não procuram fazer uma análise. É visível a diferença entre eles. (Gibões
(Hylobates), Orangotango (Pongo), Gorila, as duas espécies de Chimpanzés
(troglodytes e paniscus) e os hominídeos.
Muitos leigos também costumam dizer: “são apenas
ossos de pessoas defeituosas”. Mas sejamos inteligentes né... qual a
probabilidade de se encontrar um fóssil e todos serem de pessoas
“defeituosas”??? Só se mais de 90% da população antiga ser constituída de
pessoas com deficiência física. Esse argumento é de dar risada. 90% ainda sendo
bonzinho.
Na próxima parte abordaremos
sobre o Homo sapiens e a dispersão geográfica, com a diversificação entre alguns grupos étnicos. Valeu!!!
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