sábado, 19 de setembro de 2015

Iae pessoal! Dando continuidade ao tópico sobre evolução humana, hoje colocarei a Parte 3. Se você ainda não viu a Parte 1 e a Parte 2, volte aos posts anteriores. Valeu!


EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 3)


OS HOMINIDAE
Ancestral em Comum com os Gibões


            Avançando no tempo, agora adentrando na Era Miocênica, que vai de 24 a 5 milhões de anos atrás, os continentes praticamente já em suas posições atuais, alguns de nossos ancestrais Macacos do Velho Mundo começaram a aumentar em tamanho, dando origem aos grandes primatas. Além do aumento no tamanho, outra principal característica dos grandes primatas é a ausência de cauda.
            No começo do Mioceno, vamos ter uma divisão no grupo dos grandes primatas, classificados em Proconsulidae (já extinta) e Hominidae.  Os grandes primatas que ficaram na África dão origem ao Proconsul (ver figuras 24 e 25), a outra parte que migrou para a Ásia e Europa é classificada como Hominidae, que no futuro volta a migrar também para a África.

            Com a migração para a Ásia, provavelmente nosso ancestral em comum com os Gibões (ver figura 26) viveu por lá por volta de 18 milhões de anos atrás, sendo talvez muito parecido com o Proconsul. Posteriormente os ancestrais dos Gibões foram aumentando o tamanho do braço até ficarem adaptados a braquiação. Braquiação significa deslocar-se usando os braços em vez das pernas. Os atuais Gibões são grandes acrobatas, raramente se deslocando com os pés, usando o bipedismo nos caules das árvores e usando o braço para dar grandes saltos de galho em galho.


Figura 24- Proconsul exibido em Museu de História Natural

Figura 25- Concepção artística do Proconsul


Figura 26- Gibões



Ancestral em comum com os Orangotangos

           
            A viagem temporária de nossos ancestrais na Era Miocênica para a Ásia, antes de retornarem a África, rendeu diversas espécies, algumas chegando até a migrar para a Europa, onde "logo" foram extintos. Após deixar a bifurcação que deu origem aos Gibões, seguindo o nosso caminho, muitos registros fósseis nos mostram como eram essas espécies de grandes primatas da época. Na Europa temos o Pierolapithecus, o Dryopithecus, o Ouranopithecus e o Oreopithecus.
          O nosso ancestral em comum exato com os Orangotangos, segundo os dados moleculares, viveu por volta de 14 milhões de anos atrás e ele deveria ser muito parecido com o Europeu Pierolapithecus (ver figuras 27 e 28), que viveu por volta de 13 milhões de anos atrás. Provavelmente o ancestral asiático do Pierolapithecus seja o mesmo ancestral em comum nosso com os Orangotangos, a parte que migrou para a Europa deu origem às hoje extintas espécies europeias, como o Oreopithecus (ver figuras 29 e 30), de 9 milhões de anos, e a outra parte deu origem às espécies Asiáticas, da subfamília dos Ponginae. Mais a frente, alguma dentre essas espécies, voltou a migrar para a África. Devido às semelhanças, pode até ter sido o Oreopithecus. Mas antes de voltarmos a África, abordaremos um pouco sobre os Ponginae.    


Figura 27- Ossos encontrados do Pierolapithecus
Figura 28- Reconstituição do Pierolapithecus em museu

Figura 29- Fóssil de Oreopithecus
Figura 30- Concepção artística do Oreopithecus

       
          Na Ásia viveram espécies da Subfamília dos Ponginae, que contemplam os atuais Orangotangos (ver figura 31) e os extintos como o Sivapithecus, o Lufengipithecus e o gigantesco (como o próprio nome já diz) Gigantopithecus. O Gigantopithecus se extinguiu “recentemente”, há 100 mil anos atrás, chegando a conviver com os Hominídeos, principalmente com os Homo Ergaster, que chegaram depois vindo da África, convivendo juntos na mesma região.*  O Gigantopithecus foi o maior primata já conhecido. Apesar de muitas ilustrações retratarem o Gigantopithecus como bípede (ver figura 32), provavelmente deveria alternar o andar de quatro com o bipedismo. 

Figura 31- Orangotango
Figura 32- Concepção artística de um Gigantopithecus cercado por Homo Ergaster



*Achei importante colocar uma observação. Apesar de já citar o Homo Ergaster, ainda não chegamos em sua época na nossa viagem pelo tempo, apenas antecipei porque o Gigantopithecus viveu durante o período de 5 milhões até “recentes” 100 mil anos atrás.


Ancestral em comum com os Gorilas



            Após um longo passeio pela Ásia e Europa, alguma dentre aquelas espécies adentrou novamente no continente africano, na parte final da Era Miocênica. O nosso ancestral em comum com os Gorilas, segundo dados moleculares, viveu há 7 milhões de anos no continente africano. Um achado fóssil da época exata é um crânio de Sahelanthropus (ver figuras 33, 34 e 35), que demonstra o sobrecenho bastante avolumado, assim como os gorilas, os chimpanzés e os primeiros hominídeos.


Figura 33- Crânio de Sahelanthropus

Figura 34- Reconstrução facial do Sahelanthropus

Figura 35- Concepção artística do Sahelanthropus


              Através da reconstrução facial percebe-se que o Sahelanthropus mistura características dos primeiros hominídeos como o Australopithecus, Chimpanzés e Gorilas, tendo cada espécie tomado seu rumo na evolução com o isolamento geográfico. Os ancestrais diretos dos atuais Gorilas (ver figura 36) se especializaram na dieta exclusivamente vegetariana e adquiriram o corpo mais forte.
Figura 36- Gorilas


Ancestral em comum com os Chimpanzés


            O nosso ancestral em comum com os Chimpanzés (ver figura 37), segundo dados moleculares, também viveu por volta de 7 milhões de anos atrás no continente africano. Após a bifurcação que deu origem aos Gorilas, outra muito próxima deu origem ao Chimpanzés, portanto a espécie deveria ser similar ao Sahelanthropus ou exatamente ela. Fósseis que datam de 6 milhões de anos atrás, da espécie Orrorin tugenesis (ver figura 38, 39 e 40) já apresentam características dos hominídeos, como o bipedismo, apesar de ainda guardar muitas semelhanças com os Chimpanzés. Atualmente existem duas espécies de Chimpanzés na África, o comum e o Bonobo, que tiveram um ancestral em comum há 2 milhões de anos atrás. 

Figura 37- Chimpanzés


Figura 38 - Crânios do Orrorin tugenesis e do Homo sapiens

Figura 39- Reconstrução facial do Orrorin tugenesis
Figura 40- Concepção artística do Orrorin tugenesis
Finalizamos então aqui a Parte 3. Na próxima parte começaremos a ver todas as espécies de hominídeos que já existiram no planeta. Falow!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Iae pessoal que curte a paleontologia! Hoje vou colocar a Parte 2 do tópico sobre evolução humana, dando uma geral na evolução dos primatas, inclusive distribuição geográfica. Se você não leu a Parte 1, vá para a postagem anterior.


EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 2)

OS SÍMIOS (ANTHROPOIDEA)



Ancestral em comum com os Macacos do Novo Mundo (Platirrinos)

            Partindo do nosso ancetral em comum com os Társios, que deveria ser muito parecido com o Archicebus achilles, como visto na parte 1, que mesclava características tanto dos Társios quanto dos Símios, vivendo entre 58 e 55 milhões de anos atrás, seguiremos agora até a África, para onde nossos ancestrais migraram, saindo do continente asiático.

            Agora adentrando na Era Oligocênica, que vai de 36 a 23 milhões de anos atrás, um novo grupo de primatas chegou até ao continente africano e por lá se diversificou, dando origem aos Símios. O Norte da África no Oligoceno era preenchido por florestas tropicais, não existindo as partes desérticas de hoje. Muitos fósseis que datam desse período foram encontrados onde hoje é o Egito, de espécies como o Apidium, Parapithecus, Oligopithecus, Aegyptopithecus, entre outras. O Apidium (ver figura 19) aparece no documentário em vídeo sobre pré-história, Walking With Beasts, da BBC, o qual eu recomendo.

Figura 19 - Concepção artística do Apidium no documentário

         Em meados da Era Oligocênica, uma dessas espécies de símios conseguiu o feito impressionante de chegar a América do Sul. Nessa época a América do Sul já havia se afastado da África, embora não tanto como hoje. Este feito já foi amplamente debatido, mas hoje a hipótese mais aceita é a da “balsa de vegetação”, a mesma para os Lêmures que chegaram em Madagascar. Como já foi dito, apesar da ideia a princípio parecer louca, é bastante provável, por conta da escala de tempo de milhões de anos, tendo em vista que já foi observado este fato com migração de espécies atuais. Alguns membros da espécie, por acidente, podem ter ficado entre as plantas de manguezais que se soltaram do continente africano, tendo chegado até a América do Sul, que na época era mais próxima. Chegando à América do Sul, esses símios, chamados de Macacos do Novo Mundo, tiveram campo livre pra se diversificar, dando origem a todas as espécies de Macacos do Novo Mundo conhecidas hoje.
            O nosso ancestral em comum com os Macacos do Novo Mundo, porém, obviamente, não é sul-americano e sim africano, tendo vivido por volta de 40 milhões de anos atrás, mas estes ancestrais africanos foram extintos. Os macacos americanos diferenciam-se dos africanos principalmente no aspecto de algumas espécies possuírem a “cauda preênsil”, ou seja, eles conseguem pendurar usando somente a cauda, bem como todos possuem o nariz mais achatado, com aberturas na lateral, ao invés das aberturas abaixo da base do nariz (ver figura 20). Como os paleontólogos usaram o nariz para diferenciar os primeiros primatas, novamente essa característica foi usada na nomenclatura científica para diferenciar os dois grupos, ou seja, Platirrinos (narina achatada) para os americanos e Catarrinos (narina infradirecionada) para os do velho mundo.
            Outra diferença nos Macacos do Novo Mundo (Platirrinos) é que muitas das espécies não desenvolveram a visão tricromata, com a exceção das fêmeas, ou seja, eles enxergam menos cores do que os Macacos do Velho Mundo. A visão tricromata deve ter evoluído nos Catarrinos após a migração e apenas poucas espécies de Platirrinos e as fêmeas desenvolveram por convergência evolutiva.

Figura 20 - O Bugio, espécie de Macaco do Novo Mundo


Ancestral em comum com os Macacos do Velho Mundo (Catarrinos)



            Partindo do nosso ancestral em comum com os Macacos do Novo Mundo, por volta de 40 milhões de anos atrás, seguindo agora pela outra parte da bifurcação, abordaremos sobre os Macacos do Velho Mundo.
            O nosso ancestral em comum com os Macacos do Velho Mundo viveu por volta de 25 milhões de anos atrás e provavelmente era muito parecido com o Aegyptopithecus, que viveu há 30 milhões de anos atrás (ver figuras 21 e 22).

Figura 21 - Crânio do Aegyptopithecus

Figura 22 - Concepção artística do Aegyptopithecus
            
               Nesta época, o continente africano se isolou de todos os outros continentes, por certo período de tempo, se tornando uma gigantesca ilha, porém, posteriormente, voltou a se unir com a Ásia, quando então algumas espécies de Macacos do Velho Mundo migraram, existindo atualmente espécies asiáticas e africanas. Um exemplo de Macaco do Velho Mundo atual é o Babuino (ver figura 23).

Figura 23 - Espécie de Babuíno


Na figura acima um fóssil de Cercopithecidae, ancestral da família dos babuínos. 

Finalizo por aqui a Parte 2, na próxima parte abordaremos sobre os Hominidae, ancestral em comum com os Gibões, Orangotangos, Gorilas e Chimpanzés. Valeu!

domingo, 6 de setembro de 2015



Olá pessoal! Abordarei agora no blog sobre a Evolução Humana de uma forma mais detalhada, mostrando como surgiram os primeiros primatas, a evolução dos primatas de uma forma geral e a dispersão geográfica. Precisarei dividir o tema em várias partes, porque voltaremos no tempo há 64 milhões de anos atrás, fazendo um resumo na evolução dos primatas até chegar ao presente. Futuramente no blog abordarei sobre os mamíferos da Era dos Dinossauros e também sobre os répteis mamaliformes de antes da Era dos Dinossauros, mas no momento vou abordar a partir da extinção em massa do Cretáceo.
           
EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 1)

A TRAGÉDIA DO CRETÁCEO


                        Para entendermos como surgiram os primeiros “proto-primatas” temos que voltar para a Era do Cretáceo, na qual ainda viviam os dinossauros. Na época dos dinossauros os mamíferos eram muito pequenos, parecidos com os atuais roedores ou com musaranhos. A estatura pequena se deu por conta da seleção natural, os grandes mamíferos não conseguiam competir com os dinossauros, já os pequenos conseguiam passar adiante sua descendência. Eles provavelmente possuíam hábitos noturnos, para evitar os dinos e eram insetívoros. Um exemplo de mamífero da Era Cretácea é o Eomaia Scansoria (ver figuras 1 e 2), que possuía apenas 10 cm de comprimento.
Figura 1- Fóssil do Eomaia Scansoria, de 125 milhões de anos
Figura 2- Concepção artística do Eomaia Scansoria

                             
                   Porém, a partir da extinção dos dinossauros, os mamíferos tiveram campo livre para se diversificar, aumentar em tamanho e se espalhar pelo planeta em diversas formas. A extinção dos dinossauros se deu por conta de um grande impacto de um meteorito que atingiu o planeta Terra por volta de 64 milhões de anos atrás, causando uma enorme cratera, que fica localizada na península de Yucatán, no México, com 160 km de largura e 48 de profundidade.
               Imediatamente após o impacto, muitas formas de vidas foram totalmente dizimadas, algumas provavelmente ficaram cegas e surdas, sendo realmente uma cena de terror, com eventos de tsunamis acontecendo por toda a Terra. Decorrido um tempo após o impacto algumas espécies de dinossauros provavelmente devam ter sobrevivido, mas a Terra deveria ser um local totalmente hostil, os dinossauros que restaram provavelmente morreram de fome e sede, eram criaturas de grande porte e necessitavam de muitos recursos. Porém os seres menores, entre eles os mamíferos da época, conseguiram sobreviver e tiveram campo livre, sem grande competição, para poder se diversificar. Pequenas aves, que são descendentes diretos dos dinossauros, também conseguiram sobreviver. Alguns fósseis de mamíferos foram encontrados nessa transição da Era Cretácea para a Paleocênica, espécies dos chamados Purgatorius, que viviam na América do Norte e ainda se pareciam muito com os atuais roedores.

OS PROTO-PRIMATAS

           
            Os primeiros primatas surgiram por volta de 63 milhões de anos atrás, na Era Paleocênica, quando algumas adaptações nas patas já são perceptíveis, diferenciando um pouco daquele visual dos atuais roedores. A família extinta (registro fóssil) dos Plesiadapiformes (ver figuras 3, 4 e 5) é considerada a primeira da linhagem dos primatas. Estes proto-primatas viveram onde hoje é a América do Norte e a Europa, lembrando que no Paleoceno o norte da Europa ainda estava ligada à América do Norte, apesar da América do Sul já ter se separado um pouco da África

Figura 3 - Plesiadapis


Figura 4 - Concepção artística do Plesiadapis



Figura 5- Análise do "proto-primata" Plesiadapis




OS PRIMATAS DE FOCINHO (STREPSIRRHINNI)

Ancestral em comum com os Lêmures e seus parentes

            É chegado o momento de abordarmos a primeira diferenciação entre os primeiros primatas até então, a grande divisão em dois grupos, os Strepsirrhinni e os Haplorhinni. Traduzindo, Strepsirrhinni que dizer “narina fendida”, ou seja, são os primatas que carregaram a característica de alguns outros grupos de mamíferos, de possuir o “focinho”, ou seja, a narina úmida, ligada ao lábio superior. Os Haplorhinni quer dizer “narina simples”, com os orifícios, sem as membranas do focinho. Portanto, antes da divisão, nosso ancestral em comum com os dois grupos provavelmente deveria se parecer muito com o Plesiadapis, vivendo na América do Norte, entre 63 e 60 milhões de anos atrás, na Era Paleocênica. Primeiramente, irei abordar sobre o grupo dos primatas de focinho, que são nossos parentes mais antigos, mostrar os registros fósseis e as formas vivas atuais, como os Lêmures de Madagascar, os Gálagos e o Loris.
            Durante o período Eoceno, que vai de 55 há 36 milhões de anos, os primatas de focinho se espalharam pela América do Norte e Europa, continentes ainda ligados ao Norte por algumas pontes de terra no começo do Eoceno. Algumas espécies fósseis mostram como eram esses primatas de focinho americanos, como o Smilodectes gracilis, do grupo dos Adapiformes Notharctidae (ver figuras 6 e 7). 

Figura 6- Smilodectes gracilis em exibição no museu

Figura 7- Concepção artística do Smilodectes
            Após o isolamento entre os dois continentes, as espécies americanas foram totalmente extintas sem deixar descendentes, já as espécies europeias obtiveram mais sucesso nas que migaram para a África. As que ficaram na Europa também foram extintas posteriormente. Na Europa existiam espécies como o Darwinius masillae (ver figuras 8 e 9). Algumas dessas espécies europeias migraram para a África, dando origem às família dos atuais Lêmures (ver figura 10), dos Gálagos (ver figura 11) e dos Loris (ver figura 12). Os Lêmures posteriormente também ocuparam a ilha de Madagascar e por muito tempo viveram tanto no continente africano quanto na ilha de Madagascar.
            Naquela época a ilha de Madagascar já era separada do continente africano e daí pergunta-se: como os Lêmures chegaram na ilha?? A hipótese mais aceita é que alguns membros de uma espécie conseguiram atravessar pelas chamadas “balsas de vegetação”, que são como ilhas flutuantes, vegetação de mangues que se desprendem do continente chegando até outro continente ou ilha, algumas podendo chegar a ter até 1 hectare. Essa hipótese é a mais aceita porque este fato já foi observado com algumas espécies atuais, bem como aconteceu por outras vezes como veremos mais na frente quando abordarei sobre os macacos do velho mundo e os macacos do novo mundo. A ideia parece até absurda, mas quando você pensa em uma escala temporal de alguns milhões de anos, é bem provável que isso aconteça, seja com membros de alguma espécie ou até mesmo apenas um exemplar fêmea de uma espécie que esteja prenha.
            A espécie que chegou a Madagascar teve campo livre e isolado pra diversificar e dar origem a todas as espécies de Lêmures existentes hoje no planeta. As espécies de Lêmures que ficaram na África foram extintas posteriormente, provavelmente por conta da competição. Atualmente os Lêmures estão em processo de extinção também na ilha de Madagascar, infelizmente, desde que os humanos chegaram a ilha.

Figura 8- Fóssil do Darwinius masillae
Figura 9- Concepção artística do Darwinius masillae
Figura 10- Lêmure de Madagascar
Figura 11- Gálago
Figura 12- O Lóris, único primata venenoso


OS PRIMATAS HAPLORRINOS

Ancestral em comum com os Társios

            Como fora explicado anteriormente, Haplorhinni quer dizer “narina simples”, que foi a primeira diferenciação no grupo dos primatas, pois este grupo não compartilha do focinho comum em diversas espécies de mamíferos. O grupo dos Primatas Haplorrinos abrange os Társideos e os Símios, inclusive os humanos, além de algumas formas já extintas.
            Partindo novamente do nosso ancestral em comum exato com os Primatas de Focinho, provavelmente muito parecido com o Plesiadapis, por volta de 63 milhões de anos atrás, seguiremos em frente agora pelo outro lado da ramificação.
             Com o passar do tempo, entrando na Era Eocênica, que vai de 55 há 36 milhões de anos, um grupo de primatas começou a se diferenciar por não ter mais as membranas do focinho. Este grupo de primatas, já extinto, é conhecido como Omomídeos (ver figura 13 e 14), com registros fósseis encontrados na América do Norte, Europa e Ásia. O continente americano e europeu ainda possuía pontes de terra ao Norte, até o início da Era Eocênica e os Omomídeos asiáticos chegaram através do que hoje é o Estreito de Bering.
           Os Omomídeos americanos e europeus foram os primeiros a entrar em extinção, já os asiáticos, antes da extinção, deram origem aos Társios (ver figura 15), que vivem até hoje nas florestas asiáticas desde a Era Eocênica e se especializaram ainda mais na vida noturna. Os Gálagos e os Lóris, primatas de focinho das figuras 11 e 12, também, por convergência evolutiva, desenvolveram olhos grandes para o hábito noturno, mas os Társios conseguiram olhos ainda maiores. Os olhos dos Társios cresceram muito através da seleção natural para captar o máximo possível de fótons à noite.
               O nosso ancestral em comum com os Társios provavelmente era um ancestral dos Omomídeos, que viveu entre 58 e 55 milhões de anos atrás e poderia se parecer muito com o Archicebus achilles (ver figuras 16, 17 e 18), que possuía características dos Símios e dos Társios. Este ancestral em comum poderia ser norte-americano ou asiático.

Figura 13- Crânio do Necrolemur, uma espécie de Omomídeo
Figura 14- Concepção artística do Necrolemur
Figura 15- Társio
Figura 16- Fóssil de Archicebus achilles
Figura 17- Entendendo o fóssil
Figura 18- Concepção artística do Archicebus achilles

Gráfico explicativo da divisão

                         A figura acima exemplifica a divisão entre os primatas de focinho e os de narina simples. A esquerda temos a escala temporal, os sinais de cruz representa as formas extintas.
                         Encerramos aqui a parte 1. Na próxima parte inciarei sobre os Anthropoidea, abordando os macacos do novo mundo e do velho mundo.