Olá pessoal!
Abordarei agora no blog sobre a Evolução Humana de uma forma mais detalhada,
mostrando como surgiram os primeiros primatas, a evolução dos primatas de uma
forma geral e a dispersão geográfica. Precisarei dividir o tema em várias
partes, porque voltaremos no tempo há 64 milhões de anos atrás, fazendo um
resumo na evolução dos primatas até chegar ao presente. Futuramente no blog
abordarei sobre os mamíferos da Era dos Dinossauros e também sobre os répteis
mamaliformes de antes da Era dos Dinossauros, mas no momento vou abordar a
partir da extinção em massa do Cretáceo.
EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE 1)
A TRAGÉDIA DO
CRETÁCEO
Para entendermos como
surgiram os primeiros “proto-primatas” temos que voltar para a Era do Cretáceo,
na qual ainda viviam os dinossauros. Na época dos dinossauros os mamíferos eram
muito pequenos, parecidos com os atuais roedores ou com musaranhos. A estatura
pequena se deu por conta da seleção natural, os grandes mamíferos não
conseguiam competir com os dinossauros, já os pequenos conseguiam passar
adiante sua descendência. Eles provavelmente possuíam hábitos noturnos, para
evitar os dinos e eram insetívoros. Um exemplo de mamífero da Era Cretácea é o
Eomaia Scansoria (ver figuras 1 e 2), que possuía apenas 10 cm de comprimento.
Figura 1- Fóssil do Eomaia Scansoria, de 125 milhões de anos |
Figura 2- Concepção artística do Eomaia Scansoria |
Porém, a partir da
extinção dos dinossauros, os mamíferos tiveram campo livre para se
diversificar, aumentar em tamanho e se espalhar pelo planeta em diversas
formas. A extinção dos dinossauros se deu por conta de um grande impacto de um
meteorito que atingiu o planeta Terra por volta de 64 milhões de anos atrás,
causando uma enorme cratera, que fica localizada na península de Yucatán, no
México, com 160 km de largura e 48 de profundidade.
Imediatamente após o impacto, muitas formas de vidas
foram totalmente dizimadas, algumas provavelmente ficaram cegas e surdas, sendo
realmente uma cena de terror, com eventos de tsunamis acontecendo por toda a
Terra. Decorrido um tempo após o impacto algumas espécies de dinossauros
provavelmente devam ter sobrevivido, mas a Terra deveria ser um local
totalmente hostil, os dinossauros que restaram provavelmente morreram de fome e
sede, eram criaturas de grande porte e necessitavam de muitos recursos. Porém os
seres menores, entre eles os mamíferos da época, conseguiram sobreviver e
tiveram campo livre, sem grande competição, para poder se diversificar.
Pequenas aves, que são descendentes diretos dos dinossauros, também conseguiram
sobreviver. Alguns fósseis de mamíferos foram encontrados
nessa transição da Era Cretácea para a Paleocênica, espécies dos chamados
Purgatorius, que viviam na América do Norte e ainda se pareciam muito com os
atuais roedores.
OS PROTO-PRIMATAS
Os primeiros primatas surgiram por
volta de 63 milhões de anos atrás, na Era Paleocênica, quando algumas
adaptações nas patas já são perceptíveis, diferenciando um pouco daquele visual
dos atuais roedores. A família extinta (registro fóssil) dos Plesiadapiformes (ver figuras 3, 4 e 5) é
considerada a primeira da linhagem dos primatas. Estes proto-primatas viveram
onde hoje é a América do Norte e a Europa, lembrando que no Paleoceno o norte
da Europa ainda estava ligada à América do Norte, apesar da América do Sul já
ter se separado um pouco da África
Figura 3 - Plesiadapis |
Figura 4 - Concepção artística do Plesiadapis |
Figura 5- Análise do "proto-primata" Plesiadapis |
OS
PRIMATAS DE FOCINHO (STREPSIRRHINNI)
Ancestral
em comum com os Lêmures e seus parentes
É chegado o momento de abordarmos a
primeira diferenciação entre os primeiros primatas até então, a grande divisão
em dois grupos, os Strepsirrhinni e os Haplorhinni. Traduzindo, Strepsirrhinni
que dizer “narina fendida”, ou seja, são os primatas que carregaram a
característica de alguns outros grupos de mamíferos, de possuir o “focinho”, ou
seja, a narina úmida, ligada ao lábio superior. Os Haplorhinni quer dizer
“narina simples”, com os orifícios, sem as membranas do focinho. Portanto,
antes da divisão, nosso ancestral em comum com os dois grupos provavelmente deveria
se parecer muito com o Plesiadapis, vivendo na América do Norte, entre 63 e 60
milhões de anos atrás, na Era Paleocênica. Primeiramente, irei abordar sobre o
grupo dos primatas de focinho, que são nossos parentes mais antigos, mostrar os
registros fósseis e as formas vivas atuais, como os Lêmures de Madagascar, os
Gálagos e o Loris.
Durante o período Eoceno, que vai de
55 há 36 milhões de anos, os primatas de focinho se espalharam pela
América do Norte e Europa, continentes ainda ligados ao Norte por algumas
pontes de terra no começo do Eoceno. Algumas espécies fósseis mostram como eram
esses primatas de focinho americanos, como o Smilodectes gracilis, do grupo dos
Adapiformes Notharctidae (ver figuras 6 e 7).
Figura 6- Smilodectes gracilis em exibição no museu |
Figura 7- Concepção artística do Smilodectes |
Após o isolamento
entre os dois continentes, as espécies americanas foram totalmente extintas sem
deixar descendentes, já as espécies europeias obtiveram mais sucesso nas que
migaram para a África. As que ficaram na Europa também foram extintas
posteriormente. Na Europa existiam espécies como o Darwinius masillae (ver
figuras 8 e 9). Algumas dessas espécies europeias migraram para a África, dando
origem às família dos atuais Lêmures (ver figura 10), dos Gálagos (ver figura 11) e
dos Loris (ver figura 12). Os Lêmures posteriormente também ocuparam a ilha de
Madagascar e por muito tempo viveram tanto no continente africano quanto na
ilha de Madagascar.
Naquela época a ilha de Madagascar
já era separada do continente africano e daí pergunta-se: como os Lêmures
chegaram na ilha?? A hipótese mais aceita é que alguns membros de uma espécie
conseguiram atravessar pelas chamadas “balsas de vegetação”, que são como ilhas
flutuantes, vegetação de mangues que se desprendem do continente chegando até
outro continente ou ilha, algumas podendo chegar a ter até 1 hectare. Essa
hipótese é a mais aceita porque este fato já foi observado com algumas espécies
atuais, bem como aconteceu por outras vezes como veremos mais na frente quando
abordarei sobre os macacos do velho mundo e os macacos do novo mundo. A ideia
parece até absurda, mas quando você pensa em uma escala temporal de alguns milhões
de anos, é bem provável que isso aconteça, seja com membros de alguma espécie
ou até mesmo apenas um exemplar fêmea de uma espécie que esteja prenha.
A espécie que chegou a Madagascar
teve campo livre e isolado pra diversificar e dar origem a todas as espécies de
Lêmures existentes hoje no planeta. As espécies de Lêmures que ficaram na
África foram extintas posteriormente, provavelmente por conta da competição.
Atualmente os Lêmures estão em processo de extinção também na ilha de
Madagascar, infelizmente, desde que os humanos chegaram a ilha.
Figura 8- Fóssil do Darwinius masillae |
Figura 9- Concepção artística do Darwinius masillae |
Figura 10- Lêmure de Madagascar |
Figura 11- Gálago |
Figura 12- O Lóris, único primata venenoso |
OS
PRIMATAS HAPLORRINOS
Ancestral em comum com os Társios
Como fora explicado anteriormente,
Haplorhinni quer dizer “narina simples”, que foi a primeira diferenciação no
grupo dos primatas, pois este grupo não compartilha do focinho comum em
diversas espécies de mamíferos. O grupo dos Primatas Haplorrinos abrange os Társideos
e os Símios, inclusive os humanos, além de algumas formas já extintas.
Partindo novamente do nosso
ancestral em comum exato com os Primatas de Focinho, provavelmente muito
parecido com o Plesiadapis, por volta de 63 milhões de anos atrás, seguiremos
em frente agora pelo outro lado da ramificação.
Com o passar do tempo, entrando na
Era Eocênica, que vai de 55 há 36 milhões de anos, um grupo de primatas
começou a se diferenciar por não ter mais as membranas do focinho. Este grupo
de primatas, já extinto, é conhecido como Omomídeos (ver figura 13 e 14), com
registros fósseis encontrados na América do Norte, Europa e Ásia. O continente
americano e europeu ainda possuía pontes de terra ao Norte, até o início da Era
Eocênica e os Omomídeos asiáticos chegaram através do que hoje é o Estreito de
Bering.
Os Omomídeos americanos e
europeus foram os primeiros a entrar em extinção, já os asiáticos, antes da
extinção, deram origem aos Társios (ver figura 15), que vivem até hoje nas
florestas asiáticas desde a Era Eocênica e se especializaram ainda mais na vida
noturna. Os Gálagos e os Lóris, primatas de focinho das figuras 11 e 12, também,
por convergência evolutiva, desenvolveram olhos grandes para o hábito noturno,
mas os Társios conseguiram olhos ainda maiores. Os olhos dos Társios cresceram
muito através da seleção natural para captar o máximo possível de fótons à
noite.
O nosso ancestral em comum com os
Társios provavelmente era um ancestral dos Omomídeos, que viveu entre 58 e 55
milhões de anos atrás e poderia se parecer muito com o Archicebus achilles (ver
figuras 16, 17 e 18), que possuía características dos Símios e dos Társios. Este ancestral
em comum poderia ser norte-americano ou asiático.
Figura 13- Crânio do Necrolemur, uma espécie de Omomídeo |
Figura 14- Concepção artística do Necrolemur |
Figura 15- Társio |
Figura 16- Fóssil de Archicebus achilles |
Figura 17- Entendendo o fóssil |
Figura 18- Concepção artística do Archicebus achilles |
Gráfico explicativo da divisão |
A figura acima exemplifica a divisão entre os primatas de focinho e os de narina simples. A esquerda temos a escala temporal, os sinais de cruz representa as formas extintas.
Encerramos aqui a parte 1. Na próxima parte inciarei sobre os Anthropoidea, abordando os macacos do novo mundo e do velho mundo.
Exelent cara
ResponderExcluirExelent cara
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