A princípio abordarei um tema bastante polêmico, pois envolve religião, mostrando como algumas descobertas arqueológicas demonstram que a escrita da bíblia sofreu uma forte influência de outros mitos e cultura de povos mais antigos.
A INFLUÊNCIA DA CULTURA SUMÉRIA NA ESCRITA DA BÍBLIA (PARTE 1)
INTRODUÇÃO
No decorrer deste tema veremos como a cultura do antigo povo sumério serviu de forte influência na escrita da bíblia. O povo sumério foi pioneiro na escrita e na fundação das primeiras cidades da humanidade. O tema é bastante polêmico, tendo em vista que envolve a fé de muitas
pessoas e talvez por isso não seja amplamente divulgado, apesar de existir
diversos trabalhos com relação a este tema. Antes de adentrarmos na parte mitológica e cultural da Suméria, voltaremos um pouco mais no tempo para entendermos em qual contexto a humanidade estava inserida na época.
SEDENTARISMO
Por volta de 8.000 anos a.C a humanidade
estava passando pela fase denominada de “sedentarismo”, quando alguns grupos de
pessoas estavam abandonando a caça e coleta e estavam se especializando na
agricultura e na domesticação de animais.
Os primeiros cultivos ocorreram no Norte
da Mesopotâmia, onde foram criadas vilas como a de Beidha, Satal Hüyük, Jericó,
entre outras, veja a localização na figura abaixo:
Norte da Mesopotâmia (Atual Síria e Turquia)
No aspecto religioso, diversas imagens e
estatuetas eram confeccionadas para adoração aos deuses. Em Satal Hüyük, por
exemplo, um terço das edificações serviam como um local para cerimônias ou cultos, com pinturas de deusas-mãe dando luz
a filhos bovinos e esculturas de cabeças de boi espalhadas pela sala. Os cultos
religiosos nessa época provavelmente buscavam soluções divinas para as
proliferações de doenças em decorrência do sedentarismo, no qual o acúmulo de
pessoas em pequenos espaços começara ou então para agradecimentos por chuvas e
colheitas. Na época de Satal Hüyük, o Javé bíblico dos hebreus nem sonhava
ainda em existir.
Os ancestrais do povo sumério, que
fundaram as primeiras cidades da humanidade e desenvolveram as primeiras
escritas, provavelmente partiram de uma dessas vilas, migrando do Norte para o
Sul da Mesopotâmia após o evento da grande enchente, “o dilúvio”, decorrente do
degelo do último período da era glacial. Provavelmente a parte de terra ao
leste do Mar Mediterrâneo deve ter sido totalmente tomada pela enchente,
juntamente com a parte de terra ao sul do Mar Negro, atuais Síria e Turquia, fazendo
com que os sobreviventes migrassem para o sul da Mesopotâmia, atual Iraque.
Na figura acima uma das pinturas que havia dentro da
sala de cerimônias religiosas em Satal Hüyük.
O DILÚVIO
A história do dilúvio sempre foi muito
divulgada, mas se engana quem pensa que essa história foi pioneira na bíblia. Milhares
de anos antes de a bíblia ser escrita o conto do dilúvio já era recitado na
Suméria, tendo se espalhado a história por toda região que já matinha comércio
com as primeiras cidades do mundo.
Em 1998 os geólogos William Ryan e Walter Pitman publicaram evidências do rompimento do Estreito de Bósforo por volta do ano 5600 a.C (ver figura abaixo). O Estreito de Bósforo hoje liga o Mar Negro ao Mar de Mármara (Norte da atual Turquia), mas antes do rompimento o Mar Negro era uma bacia de água doce, não havendo ligação com o Mar Mediterrâneo. Existem controvérsias com relação ao acontecimento, se foi no ano de 5.600 a.C ou 7.500 a.C, mas é evidente que a inundação aconteceu por conta do fim do último período de glaciação. Os sobreviventes então migraram do Norte da Mesopotâmia para o Sul da Mesopotâmia, próximo ao Golgo Pérsico, atual Iraque, entre os rios Tigres e Eufrates, e por lá se estabeleceram, fundaram as primeiras cidades e desenvolveram a escrita.
A história do dilúvio foi passada a frente por gerações, no esquema "telefone sem fio", até ser finalmente eternizada em forma escrita. A origem da escrita se deu por volta do ano 3.500 a.C, ou seja, imagina uma história sendo contada por gerações de pessoas por todo esse tempo, (de 5.600 a.C até 3.500 a.C), seria óbvio que o escritor abusaria da conotação de feito heroico e abusaria de exageros, não que escapar de uma incrível enchente não seja um feito heroico, mas não nos aspectos fantasiosos da narrativa.
Um dos primeiros escritos Sumérios referente ao dilúvio aparece na "Epopeia de Gilgamesh". Gilgamesh foi um rei da cidade de Uruk, uma das primeiras cidades do mundo localizada no sul da Mesopotâmia, próxima a primeira cidade de Eiridu, no litoral do Golfo Pérsico. Durante o conto, Gilgamesh vai em busca da imortalidade e descobre que um velho chamado Utnapishtim, o longínquo, recebeu de presente dos deuses a imortalidade. Gilgamesh vai então a procura de Utnapishtim para descobrir como o mesmo conseguiu tal feito, quando o velho então conta a história do dilúvio. Segue abaixo:
Norte da Mesopotâmia (Atual Turquia) |
Sul da Mesopotâmia, Atual Iraque, acima do Golfo Pérsico |
A história do dilúvio foi passada a frente por gerações, no esquema "telefone sem fio", até ser finalmente eternizada em forma escrita. A origem da escrita se deu por volta do ano 3.500 a.C, ou seja, imagina uma história sendo contada por gerações de pessoas por todo esse tempo, (de 5.600 a.C até 3.500 a.C), seria óbvio que o escritor abusaria da conotação de feito heroico e abusaria de exageros, não que escapar de uma incrível enchente não seja um feito heroico, mas não nos aspectos fantasiosos da narrativa.
Um dos primeiros escritos Sumérios referente ao dilúvio aparece na "Epopeia de Gilgamesh". Gilgamesh foi um rei da cidade de Uruk, uma das primeiras cidades do mundo localizada no sul da Mesopotâmia, próxima a primeira cidade de Eiridu, no litoral do Golfo Pérsico. Durante o conto, Gilgamesh vai em busca da imortalidade e descobre que um velho chamado Utnapishtim, o longínquo, recebeu de presente dos deuses a imortalidade. Gilgamesh vai então a procura de Utnapishtim para descobrir como o mesmo conseguiu tal feito, quando o velho então conta a história do dilúvio. Segue abaixo:
“Naqueles dias a terra fervilhava, os homens
multiplicavam-se e o mundo bramia como um touro selvagem. Este tumulto
despertou o grande deus. Enlil ouviu o alvoroço e disse aos deuses reunidos em
conselho: 'O alvoroço dos humanos é
intolerável, e o sono já não é mais possível por causa da balbúrdia.' Os deuses
então concordaram em exterminar a raça humana. Foi o que Enlil fez, mas Ea, por causa de sua promessa, me avisou num
sonho. Ele denunciou a intenção dos deuses sussurrando para minha casa de
colmo: 'Casa de colmo, casa de colmo! Parede, oh, parede da casa de colmo,
escuta e reflete. Oh, homem de Shurrupak, filho de Ubara-Tutu, põe abaixo tua casa e constrói um barco.
Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e
busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco.
Eis as medidas da embarcação que deveras construir: que a boca extrema da nave
tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que
seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então
para o barco a semente de todas as criaturas vivas.'"Quando
compreendi, eu disse ao meu senhor: 'Sereis testemunha de que honrarei e
executarei aquilo que me ordenais, mas como explicarei às pessoas, à cidade,
aos patriarcas?' Ea então abriu a boca e falou a mim, seu servo: 'Dize-lhes
isto: Eu soube que Enlil está furioso comigo e já não ouso mais caminhar por
seu território ou viver em sua cidade; partirei em direção ao golfo para morar
com o meu senhor Ea. Mas sobre vós ele fará chover a abundância, a colheita
farta, os peixes raros e as ariscas aves selvagens. A noite, o cavaleiro da
tempestade vos trará uma torrente de trigo.' "Ao primeiro brilho da
alvorada, toda a minha família se reuniu ao meu redor; as crianças trouxeram o
piche e os homens todo o resto necessário. No quinto dia eu aprontei a quilha,
montei a ossatura da embarcação e então instalei o tabuado. O barco tinha um
acre de área e cada lado do convés media cento e vinte côvados, formando um
quadrado. Construí abaixo mais seis conveses, num total de sete, e dividi cada
um em nove compartimentos, colocando tabiques entre eles. Finquei cunhas onde
elas eram necessárias, providenciei as zingas e armazenei suprimentos. Os
carregadores trouxeram o óleo em cestas. Eu joguei piche, asfalto e óleo na
fornalha. Mais óleo foi consumido na calafetagem, e mais ainda foi guardado no
depósito pelo capitão da nave. Eu abati novilhos para a minha família e matava
diariamente uma ovelha. Dei vinho aos carpinteiros do barco como se fosse água
do rio, vinho verde, vinho tinto, vinho branco e óleo. Fez-se então um banquete
como os que são preparados à época dos festejos do ano-novo; eu mesmo ungi
minha cabeça. No sétimo dia, o barco ficou pronto. "Foi com muita
dificuldade então que a embarcação foi lançada à água; o lastro do barco foi
deslocado para cima e para baixo até a submersão de dois terços de seu corpo.
Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas
vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo — os domesticados e os
selvagens — e todos os artesãos. Eu os coloquei a bordo, pois o prazo dado por
Shamash já havia se esgotado; e ele disse: 'Esta noite, quando o cavaleiro da
tempestade enviar a chuva destruidora, entra no barco e te fecha lá dentro.'
Era chegada a hora. Caiu a noite e o cavaleiro da tempestade mandou a chuva.
Tudo estava pronto, a vedação e a calafetagem; eu então passei o timão para
Puzur-Amurri, o timoneiro, deixando todo o barco e a navegação sob seus
cuidados. "Ao primeiro brilho da alvorada chegou do horizonte uma nuvem
negra, que era conduzida por Adad, o senhor da tempestade. Os trovões
retumbavam de seu interior, e, na frente, por sobre as colinas e planícies,
avançavam Shul-lat e Hanish, os arautos da tempestade. Surgiram então os deuses
do abismo; Nergal destruiu as barragens que represavam as águas do inferno;
Ninurta, o deus da guerra, pôs abaixo os diques; e os sete juizes do outro
mundo, os Anunnaki, elevaram suas tochas, iluminando a terra com suas chamas
lívidas. Um estupor de desespero subiu ao céu quando o deus da tempestade
transformou o dia em noite, quando ele destruiu a terra como se despedaça um
cálice. Por um dia inteiro o temporal grassou devastadoramente, acumulando
fúria à medida que avançava e desabando torrencialmente sobre as pessoas como
os fluxos e refluxos de uma batalha; um homem não conseguia ver seu irmão, nem
podiam os povos serem vistos do céu. Até mesmo os deuses ficaram horrorizados
com o dilúvio; eles fugiram para a parte mais alta do céu, o firmamento de Anu,
onde se agacharam contra os muros e ficaram encolhidos como covardes. Foi então
que Ishtar, a Rainha do Céu, de voz doce e suave, gritou como se estivesse em
trabalho de parto: 'Ai de mim! Os dias de outrora estão virando pó, pois
ordenei que se fizesse o mal; por que fui exigir esta maldade no conselho dos
deuses? Eu impus as guerras para a destruição dos povos, mas acaso estes povos não
pertencem a mim, pois fui eu quem os criou? Agora eles flutuam no oceano como
ovas de peixe.' Os grandes deuses do céu e do inferno verteram lágrimas e se
calaram. "Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas,
inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em
fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo
do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face do
mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A
superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha e a
luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas
rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em vão por
um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu uma montanha,
e ali o barco encalhou. Na montanha de Nisir o barco ficou preso; ficou preso e
não mais se moveu. No primeiro dia ele ficou preso; no segundo dia ficou preso
em Nisir e não mais se moveu. Um terceiro e um quarto dia ele ficou preso na
montanha e não se moveu. Um quinto e um sexto dia ele ficou preso na montanha. Na alvorada do sétimo dia eu soltei uma
pomba e deixei que se fosse. Ela voou para longe, mas, não encontrando um
lugar para pousar, retornou. Então soltei uma andorinha, que voou para longe;
mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas haviam abaixado; ela
comeu, voou de um lado para o outro, grasnou e não mais voltou para o barco. Eu
então abri todas as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos.
Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha em oferenda
aos deuses. Coloquei quatorze caldeirões sobre seus suportes e juntei madeira,
bambu, cedro e murta. Quando os deuses sentiram o doce cheiro que dali emanava,
eles se juntaram como moscas sobre o sacrifício. Finalmente, então, Ishtar
também apareceu; ela suspendeu seu colar com as jóias do céu, feito por Anu
para lhe agradar. 'Oh, vós, deuses aqui presentes, pelo lápis-lazúli que
circunda meu pescoço, eu me lembrarei destes dias como me lembro das jóias em
minha garganta; não me esquecerei destes últimos dias. Que todos os deuses se
reúnam em torno do sacrifício; todos, menos Enlil. Ele não se aproximará desta
oferenda, pois sem refletir trouxe o dilúvio; ele entregou meu povo à
destruição.' "Quando Enlil chegou e viu o barco, ele ficou furioso. Enlil
se encheu de cólera contra o exército de deuses do céu. 'Alguns destes mortais
escaparam? Ninguém deveria ter sobrevivido à destruição.' Então Ninurta, o deus
das nascentes e dos canais, abriu a boca e disse ao guerreiro Enlil: 'E que
deus pode tramar sem o consentimento de Ea? Somente Ea conhece todas as
coisas.' Então Ea abriu a boca e falou para o guerreiro Enlil: 'Herói Enlil, o
mais sábio dos deuses, como pudeste tão insensatamente provocar este dilúvio?
Inflige ao pecador o seu pecado, Inflige ao transgressor a sua transgressão,
Pune-o levemente quando ele escapar, Não exageres no castigo ou ele sucumbirá;
Antes um leão houvesse devastado a raça humana Em vez do dilúvio, Antes um lobo
houvesse devastado a raça humana Em vez do dilúvio, Antes a fome houvesse
assolado o mundo em vez do dilúvio. Antes a peste houvesse assolado o mundo em
vez do dilúvio. Não fui eu quem revelou o segredo dos deuses; o sábio soube
dele através de um sonho. Agora reuni-vos em conselho e decidi sobre o que
fazer com ele.' "Enlil então subiu no barco, pegou a mim e a minha mulher
pela mão e nos fez entrar no barco e ajoelhar, um de cada lado, com ele no
meio. E tocou nossas testas para abençoar-nos, dizendo: 'No passado, Utnapishtim era um homem mortal; doravante ele e sua
mulher viverão longe, na foz dos rios.' Foi assim que os deuses me pegaram
e me colocaram aqui para viver longe, na foz dos rios."
A semelhança com a narrativa bíblica é tamanha que
é praticamente uma cópia, é visível a influência deste conto na criação da
história de Noé. Muitos religiosos defendem que este conto é que teria sido
baseado na história bíblica, mas Gilgamesh reinou sobre Uruk no ano 2.750 a.C. Para
se ter uma ideia, Abrãao, segundo historiadores, teria nascido em 2.116 a.C, Moisés
fugiria do Egito em meados do primeiro milênio antes de cristo e então
escreveria o Gênesis, como defendem os religiosos ou talvez foi escrita ainda mais tarde,
durante o cativeiro babilônico, por volta de 598 a.C, uma hipótese também
bastante provável, a qual vou detalhar mais a frente em um tópico exclusivo
para os Hebreus.
A Epopeia de Gilgamesh ainda deve ter sofrido influências
de contos ainda mais antigos sobre o dilúvio, como o texto Acádio “ATRA-HASIS “ e o “Conto de Ziusudra”, este
talvez o mais antigo. Embora o texto do Atra-Hasis que contém o dilúvio esteja
muito deteriorado, o começo da narrativa também é semelhante, no qual conta a
ira dos deuses com uma humanidade corrompida. Segue abaixo o princípio do
conto:
“600 anos, menos do que
600, passaram; E a Terra ficou tão
ruidosa como touro enraivecido. O Anunnaki ficou inquieto com tal movimento, Enlil
tinha de ouvir tal balbúrdia. Ele dirigiu-se então aos grandes deuses: - O clamor da humanidade tornou-se
excessivo, Não consigo dormir por causa da balbúrdia. Dê a ordem para que o mal
de suruppu aconteça!
Segue
abaixo também o Conto de Ziusudra (as partes entre parênteses encontram-se
deterioradas):
“Ziusudra, de pé ao seu
lado, ouviu: "Eu vou falar palavras para você, tome cuidado das minhas
palavras, preste atenção às minhas instruções. Uma grande inundação irá varrer toda a (.....) em todos os (...) A decisão que a semente da humanidade
será destruída foi feita. O veredito, a palavra da assembléia divina, não pode
ser revogada. A ordem anunciada por AN e ENLIL não pode ser elidida... (aprox.
38 linhas em falta)...Todas as tempestades e vendavais atacaram juntos, e o
dilúvio varreu a (...) Depois do dilúvio
ter caído sobre a terra, e o grande barco ter sido sacudido pelos vendavais
sobre as águas imensas, sete dias e sete noites, UTU, o deus sol saiu,
iluminando o céu e a terra. Ziusudra fez uma abertura no enorme barco e o herói
UTU entrou no enorme barco com seus raios. Ziusudra, o rei, prostrou-se
diante de UTU. O rei ofereceu em sacrifício inúmeros bois e ovelhas...(aprox.
33 linhas em falta)...Eles fizeram você jurar pelo céu e pela terra, ... ....
An e Enlil fizeram você jurar pelo céu e pela terra (...)Mais e mais animais
desembarcaram na Terra. Ziusudra, o rei, prostrou-se diante de An e Enlil. An e Enlil trataram Ziusudra
gentilmente (....) lhe concederam a vida
como um deus, deram a ele a vida eterna. Naquela época, por causa de
preservar os animais e as sementes da humanidade, Ziusudra foi nomeado o rei em
um país estrangeiro, na terra Dilmun, onde o sol nasce.”
Como vimos, todos os contos do dilúvio
apresentam semelhanças entre os mesmos. Como os Sumérios foram os pioneiros na
escrita, é lógico que foram os primeiros a escrever sobre o dilúvio ou sobre
como a terra teria sido criada pelos deuses, como veremos mais a frente. Como a
região da Suméria mais tarde tornou-se pólo comercial, até mesmo a mitologia
grega foi influenciada pelos contos sumérios. O conto de Deucalião, por
exemplo, é mais um que narra o dilúvio com as mesmas semelhanças, bem como há
equivalências entre alguns deuses sumérios com outros da mitologia grega, como
a deusa Inanna em “a Descida para Ereshkigal” semelhante ao mito de Perséfone.
O comércio entre gregos e sumérios se dava pela travessia do mar mediterrâneo.
Fica evidente também que o povo da época
procurava atribuir a deuses acontecimentos da natureza dos quais eles não
tinham conhecimento, uma enorme enchente ou pragas eram castigos dos deuses aos
humanos por conta de algum comportamento que eles julgavam ser errado. O pouco
conhecimento também referente ao enorme tamanho do planeta terra os fazia
pensar que o dilúvio teria sido por toda a terra.
Na figura acima a tábua IX da Epopeia de Gilgamesh. |
Em breve... Parte 2... a qual abordará a origem do mundo e do homem, com a influência da visão cosmogônica antiga.
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