terça-feira, 19 de maio de 2015

Olá pessoal! Hoje estarei continuando o tópico da influência da cultura suméria na escrita da bíblia, desta vez com a parte 3 e última. Se você ainda não leu as partes 1 e 2 volte nas antigas postagens.


A INFLUÊNCIA DA CULTURA SUMÉRIA NA ESCRITA DA BÍBLIA (PARTE 3)


A CÓPIA DO NASCIMENTO DE MOISÉS


                  No tópico sobre o dilúvio havia citado sobre a hipótese de a bíblia ter sido escrita, ou pelo menos ter seus escritos revisados e alterados muito tempo depois de Moisés, durante o cativeiro babilônico, por volta de 598 a.C, sendo esta hipótese bastante provável. Particularmente defendo esta hipótese, bem como diversos historiadores e arqueólogos.
                  Em 2.370 a.C, ao norte da Suméria, nascia Sargão, o Grande, filho de semitas, foi um grande conquistador de terras, empreendeu uma série impressionante de campanhas militares e conquistou o todo o norte da Suméria, tendo sido considerado um grande herói por seu povo, que ficaram conhecidos como acadianos, tendo Sargão fundado a capital de Agade e se tornado rei. Bom, e o que isso tem a ver com Moisés?? O que tem a ver é que a história de nascimento de Sargão é igual à história de nascimento de Moisés. Segue abaixo:

“Sargão, o poderoso rei, rei da Acádia, eu sou. [...] Minha mãe, a alta sacerdotisa, concebeu-me, e deu-me à luz em segredo. Ela colocou-me em um CESTO DE JUNCOS, e SELOU A TAMPA COM BETUME. Ela COLOCOU-ME NO RIO que não me submergiu. O rio levou-me a Akki, o tirador de água. Akki, o tirador de água, ergueu-me ao mergulhar seu balde. Akki, o tirador de água, tomou-me como seu filho e criou-me. Akki, o tirador de água, colocou-me como seu jardineiro.”

Agora, a de Moisés:

"Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma CESTA DE JUNCOS, e a REVESTIU COM BARRO E BETUME; e, pondo nela o menino, a pôs nos juncos À MARGEM DO RIO.
E sua irmã postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer.
E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam, pela margem do rio; e ela viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, que a tomou.
E abrindo-a, viu ao menino e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele, e disse: Dos meninos dos hebreus é este. Então disse sua irmã à filha de Faraó: Irei chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para ti?
E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. Foi, pois, a moça, e chamou a mãe do menino.
Então lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino, e cria-mo; eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino, e criou-o.
E, quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou-lhe Moisés, e disse: Porque das águas o tenho tirado”. Êxodo 2:3-10.

                   Seria muita coincidência a história de nascimento de Moisés ser igual à de Sargão. O que os historiadores e arqueólogos defendem é que, assim como a história de Gilgamesh e o dilúvio, entre as outras tantas aqui mostradas, a história de Sargão também foi de influência para os Hebreus em seus escritos durante o cativeiro babilônico. Essa hipótese é bastante provável por conta das histórias serem quase cópias, é como se eles estivessem com as tábuas escritas à sua disposição para fazerem as cópias, pois caso contrário, se fosse apenas mero conhecimento dos contos, a história do dilúvio ou até mesmo a de Moisés poderiam ter diversas alterações de palavras, mas não é o que se vê, a história do dilúvio é quase que uma cópia, bem como a de Moisés ou a do surgimento do homem, como é percebido através das marcações em negrito (veja parte 1 e parte 2).

            Provavelmente os Hebreus devem ter ficado encantados com as histórias de grandes conquistas por parte de Sargão, que era tido como um grande herói por seu povo e a partir daí resolveram criar um herói/mito para seu povo, que foi Moisés. A falta de registros históricos de Moisés fora da bíblia complica bastante pra saber se ele existiu realmente. Se os hebreus realmente chegaram a ser escravos no Egito, provavelmente fugiram durante a invasão dos hicsos ao Egito, que coincide mais ou menos ao período em que os hebreus estavam por lá, por volta de 2000 – 1580 a.C. Os arqueólogos já encontraram diversas referências aos hicsos no Egito, mas nenhuma referência a Moisés e abertura do Mar Vermelho, feito que com certeza seria relatado pelos egípcios se realmente tivesse ocorrido. Muitos historiadores defendem que os hebreus devem ter se instaurado nas localidades após o êxodo de forma pacífica e não conquistando as terras através de guerras, como é narrado na bíblia. Talvez os hebreus ficaram encantados com os feitos de Sargão, suas conquistas através de guerras e resolveram colocar Moisés também como um grande conquistador. A falta de registros históricos para os feitos de Moisés corrobora com essa ideia, ainda mais tendo copiado a sua forma de nascimento de Sargão, que viveu 1.000 anos antes de Moisés. Alguns historiadores ainda afirmam que lugares informados durante o êxodo sequer existiam quando da fuga do Egito e que na época do cativeiro babilônico já eram lugares conhecidos, o que atesta que a história foi escrita e inventada muito depois do acontecimento.

Estatueta de Sargão da Acádia

Estela de Sargão, O Grande




Dando encerramento ao tema, divulgo aqui mais alguns sites com informações complementares:


Site da arqueóloga Márcia Jamile especialista em antigo Egito:  http://arqueologiaegipcia.com.br/2011/04/24/exodo-hebreu-no-egito-aconteceu-ou-nao/

Mais sobre Sargão:

Entendendo mais sobre o cativeiro babilônico, resumo:

A Epopeia de Gilgamesh completa em pdf:

Site com diversos contos sumérios:


Indico ainda a coleção História em Revista da Editora Abril: A aurora da humanidade e a era dos reis divinos.


No próximo tema abordarei a evolução humana em uma perspectiva mais longa no tempo, voltando a origem do primeiro primata, poucos milhões de anos após a extinção K-T, distribuição geográfica e migrações, quando havia no mundo três espécies de hominídeos contemporâneas, a ascensão do Homo Sapiens e as divisões étnicas com as migrações. 

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